sexta-feira, 15 de maio de 2009

Doutor Coto Alçado e a falta de desejo

Temos o privilégio de poder contar com o conhecido especialista em relações afectivas José Coto Alçado para comentar cada um dos episódios de Pós-coital que formos divulgando. Eis o terceiro artigo do professor, que versa sobre o episódio “Suspiros”.

«A falta de desejo

Por Prof. Doutor Coto Alçado

É de louvar esta pequena série pelos importantes problemas que levanta ao debate social. A falta de desejo é um problema cada vez mais comum dos casais de hoje, sobrecarregados de actividades e necessidades, como a profissão, a família, a casa, os filhos, os pais, os animais domésticos, as aulas de aeróbica e ténis e o ciberespaço. Têm-me passado frequentes casos pelo consultório de jovens casais que sofrem de todos estes problemas. Jovens esposas que se queixam que “o meu marido gosta mais do Markl do que de sexo oral”, jovens maridos que resmungam com a preferência das esposas em actualizar o baby blog a “ver futebol com uma cervejola e uns tremoços”.

Há um tempo para tudo, como diz na Bíblia, e creio que estamos perante uma manifesta falta de razoabilidade e de um bom filo fax. Eu costumo recomendar a seguinte organização diária aos meus pacientes e os resultados têm sido notáveis:

6h30 – Acordar
6h31 – Ginástica matinal
6h39 – Defecar
6h44 – Fazer higiene íntima
6h59 – Fazer a papa dos filhos e pequeno almoço
7h – Tirar os filhos da cama
7h01 – Dar banho aos filhos
7h15 – Dar papa aos filhos
7h27 – Engolir pequeno almoço
7h30 – Vestir os filhos
7h33 – Calçar os filhos
7h35 – Arrumar loiça do pequeno almoço
7h40 – Entrar no carro
8h30 (com vinte minutos de tolerância para engarrafamentos) – Deixar os filhos na creche
8h54 – Receber diário gratuito
8h59 – Entrar no emprego
9h – Trabalhar
9h45 – Ler o diário gratuito enquanto finge que se defeca
10h01 – Tomar café com os colegas
10h20 – Pagar contas da casa enquanto finge que se trabalha
11h - Responder aos e-mails pessoais enquanto finge que se trabalha
11h25 – Falar com a mãe ao telemóvel
11h30 – Ler os blogs e jornais online enquanto finge que se trabalha
13h – Almoço
14h – Ver vídeos do Youtube enquanto finge que se trabalha
15h – Tomar café com os colegas
15h30 – Pesquisar informação na net sobre aquilo que se falou durante o café enquanto finge que se trabalha
16h – Lanchar com os colegas
16h15 – Actualizar os blogs, twitters e perfis sociais enquanto finge que se trabalha
16h30 – Trabalhar
17h50 – Ver outra vez os e-mails enquanto finge que se trabalha
18h – Sair do emprego e ir buscar os filhos à creche
19h  (com 20 minutos de tolerância devido aos engarrafamentos) – Chegar a casa
19h01 – Fazer o jantar
19h30 – Jantar
19h45 – Arrumar a cozinha
20h – Ver o telejornal
20h25 – Ver pornografia na net durante os intervalos do telejornal
20h45 – Pôr os filhos na cama
21h30 – Fazer sexo
21h41 – Arrumar a divisão onde decorreu o sexo
21h55 – Tratar de arrumações da casa
22h25 – Definir o horário do dia seguinte
22h30 – Lavar os dentes e outra higiene pessoal
22h45 – Ler duas páginas de livro de qualidade
23h – Apagar a luz e dormir

Este é o horário para os dias úteis, disponho também horários para fins-de-semana, feriados, férias, gravidez, desemprego e baixa médica, que abrangem questões como as idas ao ginásio, os eventos desportivos e culturais, as saídas à noite, os animais de estimação, as visitas familiares, os acidentes de trabalho e as doenças contagiosas, o convívio com os amigos e as relações extraconjugais. No entanto apenas o posso fornecer aos meus clientes oficiais. Vocês já sabem como me contactar» 

O professor doutor José Manuel Coto Alçado é licenciado em Psicologia Afectiva pela Universidade Moderna, doutorado em Practical Sex pela Universidade de Berkeley e professor em diversas instituições superiores da Europa, África e Arquipélago da Madeira. É consultor de vários periódicos dedicados às relações afectivas, como o Practical Relationships, Le Problematique du Mariage, Busty Bitches, Mariana e Telenovelas.

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